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terça-feira, 25 de outubro de 2011

Pinhole – O digital pelo furo da agulha

Bom pessoal eu resolvi fazer algumas experiências para transformar minha digital em uma câmera escura de orifício (vulgarmente conhecida como pinhole) e resolvi compartilhar com vocês os resultados destas experiências com fotografia estenopeica, assim como a forma de construir seu sistema para transformar sua digital em uma câmera escura de orifício.

Materiais
Para montar seu adaptador para fotografia estenopeica você precisará dos seguintes materiais:


Tampa sobressalente para o corpo da sua câmera* - R$ 15,00


Papel alumínio - R$ 2,18


Fita isolante - R$ 3,50


Filtro UV** - R$ 30,00

*Não use a tampa que veio com sua câmera, compre uma reserva para fazer o trabalho.
**O filtro UV precisa ter um diâmetro que possibilite encaixar ele sobre a tampa que você adquiriu, o filtro UV não é obrigatório, mas é recomendado para evitar a entrada de poeira no sensor da câmera.


A montagem
O processo de montagem é simples.
Primeiro você deve furar o centro da tampa de corpo com uma furadeira e uma broca de 0.8 a 1.0 cm.


O segundo passo é cortar 3 tiras de fita isolante com cerca de 4cm cada, não ceda à tentação de usar outros tipos de fitas adesivas, porque estas podem produzir reflexos internos, a fita isolante, por ser preta, irá proporcionar melhores resultados.
Em seguida pegue um dos pedaços que você cortou e com uma agulha grossa aquecida faça um furo de cerca de 1,5mm no centro da fita.


Corte um pequeno pedaço de papel alumínio em forma circular e cole sobre o furo feito na fita isolante (preferencialmente centralizado).
Agora chegamos ao ponto crítico do projeto, fazer o furo por onde irá passar a luz. Se o furo ficar muito pequeno os tempos de exposição irão aumentar e a nitidez irá cair em decorrência do fenômeno de difração, se ficar muito grande a nitidez irá cair devido à cáustica. Os sensores APS são mais sensíveis à estes fenômenos do que os 135, fazendo com que este processo seja mais crítico quando se pretende usar câmeras de formato APS. É impossível atingir uma nitidez perfeita, mas é possível maximizar o resultado com um furo de tamanho apropriado. O tamanho ideal do furo para uso de dia a dia para esta adaptação será entre 0.20mm e 0.30mm (dependendo do fabricante).
Para fazer o furo procure usar uma agulha fina (preferencialmente nestas medidas), ou mesmo uma ponta de grafite 0.3, e perfure o papel alumínio no ponto que se encontra sobre o furo da fita isolante.


Feito o furo no papel alumínio você deverá colar as duas tiras de fita restantes nas laterais da fita furada e cortar o conjunto de modo a formar um círculo que emoldura o papel alumínio.



Após este passo basta colar este conjunto na parte traseira da tampa, procurando deixar o furo corretamente centralizado.



Neste ponto seu adaptador de pinhole já pode ser utilizado, porém é recomendado que você acople o filtro UV sobre a tampa para evitar a entrada de poeira em seu equipamento, se o filtro tiver o tamanho correto você pode conseguir criar a rosca na tampa forçando o filtro contra ela enquanto gira para formar a roca. 


Agora é só montar o pinhole na câmera e começar a clicar.


*Algumas câmeras precisam estar com a função de fotografar sem lente habilitada.

Fotografando com o seu Pinhole digital
A distância focal aproximada deste sistema dependerá da marca do equipamento que você estiver usando e a abertura relativa dependerá da relação entre esta distância focal e o tamanho do orifício que você fizer na folha de alumínio.
As distâncias focais para este pinhole para os principais sistemas, serão a distância de colimação das baionetas, neste caso dadas por:

Micro 4:3~20mm
Canon EF/EF-S44mm
Sigma SA44mm
Minolta AF/Sony Alpha44,5mm
Pentax K45,5mm
Nikon F46,5mm

Para obter a abertura relativa de seu Pinhole basta dividir a distância focal pelo diâmetro do furo.
Então se você usar um furo de 0.25mm em um equipamento Sony a abertura relativa de seu sistema seria 47 / 0.25 = 188 ou f/188, com isso você pode calcular a velocidade a ser usada através da medição obtida por um fotômetro (de mão ou de outra câmera) e a aplicação simples dos resultados desta exposição no sistema APEX.
Para  simplificar o uso da ferramenta podemos considerar a luz do dia média como cerca de 15 pontos, o que daria cerca de 1s de exposição para um furo de 0.25mm à luz do dia em ISO 100.

Exemplos:



Espero que gostem da brincadeira.

Autor: Leo Terra
Autor dos cursos da Teia do Conhecimento
Disponível no Mundo Fotográfico



Fonte:  http://forum.mundofotografico.com.br/index.php?topic=22484.0

Porque você não precisa trocar sua câmera

Chega um momento na trajetória de todo fotógrafo amador em que a insatisfação com o equipamento atinge um nível insuportável. Geralmente isso ocorre quando ele começa a aprender mais sobre fotografia e suas diversas técnicas e percebe que o seu equipamento não dá conta de realizar essas operações, o usuário chega a conclusão de que precisa de um novo equipamento. Os motivos mais comuns por trás dessa iniciativa são: ruído e ISOs altos; lentes e alcance de distâncias focais; resolução e qualidade de imagem.

A idéia toda, então, é aumentar as possibilidades. No entanto, é provável que essa troca tenha um efeito contrário para o fotógrafo. Será que o aumento das possibilidades está realmente no equipamento? Para responder essa pergunta, voltemos mais uma vez ao Flusser, autor de Filosofia da Caixa Preta. Flusser coloca, basicamente, que cada aparelho fotográfico tem um programa, ou um modo de funcionamento. Neste programa estão inscritas todas as suas possibilidades de funcionamento. Por exemplo, sua câmera pode ter uma lente fixa com zoom de 3X, ou um ISO que vai de 200 a 3200. Tudo isso faz parte do programa, que determina e limita o funcionamento do aparelho dentro de suas especificações. Quando trocamos de equipamento, estamos optando, na verdade, por um programa diferente, que tem limitações e possibilidades diferentes.

O problema é que a fotografia, para ser séria, não pode ser apenas a utilização quase automática de um programa. Flusser é radical a ponto de dizer que só há criação quando o programa é subvertido e alteramos o equipamento para que ele funcione fora daquilo que foi programado para fazer. No entanto, não precisamos ir tão longe. Podemos nos contentar com a utilização plena de um programa, ou seja, fazer com o equipamento tudo aquilo que ele é capaz e encontrar dentro de suas possibilidades os meios para desenvolver uma linguagem própria.

Para entender melhor, vamos voltar ao momento em que o fotógrafo se sente insatisfeito com o seu equipamento, ao perceber que ele não dá conta das tarefas que ele vê em revistas, galerias, fóruns etc. Há duas escolhas básicas: trocar o equipamento por um que lhe possibilite fazer todas essas coisas ou resignar-se com sua câmera e tentar extrair dela tudo que é possível. Qual das duas opções favorecerá a capacidade criativa do fotógrafo? Não trocar o equipamento.

Primeiro, porque a motivação para a troca do equipamento é, geralmente, a possibilidade de seguir certos padrões já utilizados. Em outras palavras, para copiar o que já existe. O fotógrafo troca o equipamento e se satisfaz em conseguir fazer o que outros conseguem. Não há mérito ou criatividade aí. Em segundo lugar, porque a mudança de programa cria a falsa ilusão de que ele está sendo criativo. Não está, só está fazendo coisas diferentes das que fazia antes, mas iguais às de todo mundo.

Ao permanecer com o equipamento, o fotógrafo tem a chance de dar um passo em direção à real criação, pois se verá forçado a explorar novas possibilidades dentro do mesmo programa, ou até inventar outras maneiras de fotografar que não estão inscritas na máquina. Através dessa experimentação, ele encontra o caminho para que o aparelho e o programa sejam subordinados à sua vontade, e não o contrário.

No entanto, é extremamente difícil ver alguém que resista à tentação consumista e de status e permaneça com um mesmo equipamento por muito tempo, especialmente no meio digital, em que as máquinas são praticamente descartáveis (e são planejadas para isso). É preciso que o fotógrafo amador inserido nesse meio rejeite uma série de pressupostos e preconceitos da comunidade e tenha tutano suficiente para buscar sua própria linguagem, abandonando os problemas que não são seus e envolvendo-se apenas com o que importa, que é a criação.

Esta criação pode ser feita até mesmo com uma câmera de celular, como nos mostra o fotógrafo Carlos Costa na exposição Gesto, com imagens feitas a partir de telefones móveis. A proposta encontra-se no MAC do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, no Ceará. Não à toa, a mostra faz parte do projeto Sala Experimental. E é justamente a questão experimental de que estamos tratando aqui. Seguem algumas fotos, que para a exposição foram ampliadas em 20x26,5cm.


© Carlos Costa


© Carlos Costa


© Carlos Costa

Na verdade, a questão nem é se você troca de câmera ou não. Quando a criação por parte do fotógrafo é plena, ela quase se desliga do equipamento, de forma que é possível fazer fotos com qualquer coisa. O aparelho passa a ficar em segundo, terceiro plano e o fotógrafo já nem se preocupa mais com ele. A dúvida sobre a câmera já nem passa pela sua cabeça; há coisas mais importantes com as quais se ocupar.

P.S.: Note que estou sempre me referindo à fotografia amadora, e em especial àquele amador que quer algo mais de suas fotos. O argumento “ah, mas o profissional precisa disso e daquilo...” não se aplica aqui.



Fonte:  http://forum.mundofotografico.com.br/index.php?topic=20074.0

Fotografia boa, bonita e barata

Freqüentemente, ouço que a fotografia é uma atividade cara. De fato, ela pode ser cara, mas não o é necessariamente. Geralmente o valor gasto com ela é uma opção do fotógrafo, profissional ou amador e, exceto em fins muito específicos, o custo não é uma prerrogativa para bons resultados.

Já comentei em um texto anterior como é possível montar um kit digital com pouco dinheiro. Aqui, levanto algumas possibilidades da fotografia com filme e ampliar um pouco o número de opções que se tem de lentes baratas e de ótima qualidade que podem ser usadas em câmeras digitais, mostrando uma foto feita com cada equipamento listado. Os preços são baseados no valor de lojas de usados, Mercado Livre ou eBay.

Fotografia analógica

É comum ouvir que fotografia analógica é probelmática por conta dos gastos com filme e revelação. No entanto, há uma infinidade de boas câmeras tão baratas que fazem valer a pena deixar alguns reais no laboratório de vez em quando.

Começando pelas rangefinders: câmeras pequenas, silenciosas e com ótimas lentes que, por conta da ausência do espelho, enfrentam menos problemas ópticos do que as objetivas de sistemas reflex. Há opções com lentes intercambiáveis (como a Kiev) ou com lentes fixas  e corpo extremamente compacto (como a XA).

Kiev 4 (R$ 80)

Alf Sigaro


Rodrigo F. Pereira

Canonet QL17 GIII (R$ 200)



Pay No Mind

Olympus XA (R$ 150)

Zadro


Rahen Z 

Também existem câmeras reflex de 35mm que vêm com ótimas lentes e custam muito pouco.

Zenit 12XP (R$ 120)

H4NUM4N


Der Kraken

Pentax Spotmatic (R$ 250)

Leo Reynolds


Bill Smith

No campo das médio formato, que usam filme 120, uma ótima pedida é a Yashica Mat, que produz fotogramas quadrados (6x6). Sem contar no charme no uso de uma TLR. Tem à venda por R$ 100 no Mercado Livre.


Master of Felix


Yann G

Fotografia Digital

A fotografia digital também pode lucrar com os baixos preços do material das câmeras de filme. A melhor forma de fazer isso é através de objetivas de foco manual. O destaque está nas lentes de rosca M42. Se você tem um corpo reflex digital marca Canon, Pentax, Olympus, Sony, Minolta, Samsung ou Panasonic, você pode comprar um adaptador que permite o uso de lentes M42 na sua câmera. Infelizmente para os usuários de Nikon a coisa não é tão simples, pois os adaptadores para essa marca usam elemento óptico para o foco no infinito, alterando a claridade da lente e a qualidade de imagem. E aí, as opções de ótimas lentes por preços irrisórios é bastante ampla. O inconveniente é o foco manual e alguns ajustes nas formas de fotometria. Algumas opções de lentes dentro desse grupo:

Mir 20-M 20mm f/3.5 (R$ 250)

Masabu

Super-Takumar 28mm f/3.5 (R$ 200)

Geopelia

Super-Takumar 50mm f/1.4 (R$ 150)

I, Timmy

Jupiter 9 85mm f/2 (R$ 150)

Gene Wilburn

Jupiter 37A 135mm f/3.5 (R$ 100)

Shyha

Pentacon 200mm f/4 (R$ 200)

Marco Bernadini

Todos esses são exemplos de equipamentos de qualidade por um preço muito baixo, especialmente quando comparados aos de câmeras e objetivas modernas. No entanto, a qualidade de imagem não está relacionada aos recursos e funções das câmeras e lentes, e sim às características ópticas dos materiais utilizados. E nisso os exemplos acima, apesar de antigos, não deixam a desejar. No entanto, é preciso abrir mão de alguns confortos, como o foco automático ou a captura digital. Dependendo do ponto de vista, isso também pode ser visto como uma vantagem, já que qualquer coisa que nos faça fotografar de forma diferente pode ser benéfico em termos de aprendizado.

Nota: todas as fotos que ilustram este artigo foram utilizadas sob licença Creative Commons.



Fonte:  http://forum.mundofotografico.com.br/index.php?topic=21911.0

Cabine de luz

Amigos, sempre obtive ajuda e dicas neste fórum e como uma mão lava a outra...

Quando vi a cabine da Just Normlicht na Fotografe Melhor fiquei querendo ter uma. O problema é que além conseguir um importador pra trazer, ela custa 700 Euros. Tem a Starlaser em SP que fabrica umas parecidas, mas cobram R$1900,00. Então resolvi fazer a minha Tabajara, que saiu por 290 paus.

Material:

2 lâmpadas Philips Super85 (5000K) de 15watts
2 reatores eletrônicos
4 presilhas (para segurar as lâmpadas)
4 conectores para as lâmpadas
2 chaves
1 cabo de força
4 parafusos/arruelas/porcas
4 pés de feltro auto-colantes
Custo R$75,00

Caixa feita com folha fina de ferro galvanizado, com prime e pintura preto fosco
R$60,00 (serralheiro)
Base e folha de apoio para fotos em MDF, acabamento com prime e tinta cinza neutro
R$100,00
Como não consegui aqui aquele plástico refletor que vem nas luminárias fluorescentes, comprei uma pra retirar o laminado.
R$15,00
2 canos de alumínio cromados, Tava difícil de encontrar, aí comprei dois chuveiros e usei os canos.
R$40,00
Suporte para encaixar as fotos. Cortei de uma pasta plástica preta.

O cabo de força passa por dentro de um dos canos. Tem que fazer dois chanfros em lados opostos, um em cada extremidade do cano

E FUNCIONA MESMO! :thmbup:
Quem se interessar em fazer uma, aumente a largura da caixa em 5cm para deslocar as lâmpadas mais para a frente, melhorando o ângulo da iluminação.

Abaixo estão as imagens












Fonte:  http://forum.mundofotografico.com.br/index.php?topic=11396.0

Ed Kashi e o fotojornalismo multimídia

Pessoal, fiz uma entrevista com o fotógrafo da National Geographic Ed Kashi (www.edkashi.com) sobre fotojornalismo multimídia. Ele tem experimentado diversos meios para divulgação do trabalho dele, incluindo videos e slideshows na internet. Acho que é uma ótima discussão sobre o que nos espera no futuro, e hoje mesmo. Vocês também podem ler a entrevista inteira no meu site: www.narua.org



Em primeiro lugar, gostaria de pedir que falasse brevemente sobre a sua vida e o seu trabalho, como começou, o que o levou ao fotojornalismo, e o que o move hoje.

ED KASHI: Eu comecei minha carreira em San Francisco [Califórnia], depois de me formar na Syracuse University, com especialização em Fotojornalismo, o que era raro em 1979. Inicialmente, trabalhei para clientes locais fazendo retratos e cobrindo eventos, mas sempre tentei me direcionar para trabalhos pessoais e, alguns anos depois, comecei a trabalhar para revistas de alcance nacional, viajando e crescendo na carreira. Mas foi só depois de começar um projeto pessoal na Irlanda do Norte, em 1988, que meu trabalho começou a se desenvolver em direção ao que eu realmente queria como fotógrafo. Sempre quis ser um contador de histórias, fazer reportagens com profundidade, sobre questões políticas e sociais. É esse tipo de envolvimento que me faz sentir vivo.

Ed, você tem experimentado novos formatos para a divulgação do seu trabalho, especialmente pela internet, como já vimos nos sites da MSNBC e da MediaStorm. Seu trabalho também já apareceu na TV e em festivais de cinema, o que parece incomum para um fotógrafo. Entretanto, há profissionais que reclamam por terem de fazer um trabalho que não seria sua especialidade (vídeo, por exemplo), e outros ainda que dizem que o fotojornalismo está morto. Também é um fato que já não há mais aquela tradição de grandes revistas publicando e bancando grandes ensaios fotojornalísticos. Baseado nessas afirmações, tenho algumas perguntas que gostaria de fazer:

O que o levou a procurar estes formatos menos tradicionais? O que o atraiu neles?

EK: Eu comecei a trabalhar com vídeo em 2000, durante o meu projeto “Aging In America”. Senti que era o momento de capturar também as vozes dos meus personagens, para adicionar camadas de sentido às imagens, enriquecendo o conteúdo final. A partir daí, comecei a colaborar com alguns websites, e passei a pensar mais nessa coisa de fotografar em sequência.

Como a internet, e a tecnologia em geral, mudou o seu modo de trabalhar no dia-a-dia? Sua mala ficou mais pesada, com mais equipamento?

EK: Minha mala ficou um pouco mais leve, sem tantos rolos de filme, mas a nova mala acaba ficando tão pesada quanto, e bem mais cara, com todo o equipamento extra que a fotografia digital exige. A distribuição pela internet revolucionou a forma como trabalho, e me permitiu alcançar um público muito maior e mais diversificado. A web também me permitiu um maior envolvimento com meu trabalho, já que o espaço não é tão limitado quanto a mídia impressa.

No podcast que George Jardine, da Adobe, fez com você recentemente, você cita uma experiência interessante que viveu enquanto cobria os colonos israelenses de Hebron. Você diz que alguns destes colonos guardavam uma cópia de uma página da internet que mostrava o seu trabalho, e que eles ficaram irritados com a forma como você os retratou. Gostaria que compartilhasse conosco um pouco dessa experiência. Como a internet afeta nosso senso de responsabilidade? Você vê alguma mudança no papel do fotojornalista no mundo devido a essa distribuição e compartilhamento massivos e globais de informação que a internet permite?

EK: Aquela experiência na Margem Ocidental [Cisjordânia] me mostrou que o mundo ficou bem menor do que antes, e você tem que ter cuidado com o que e onde publica seu trabalho, e com as pessoas que podem vê-lo. No passado, podíamos dizer aos personagens que o trabalho seria publicado fora do país deles, e que então eles não precisariam se preocupar em sofrerem consequências depois da publicação. Isso mudou, então nossa responsabilidade com aqueles que fotografamos aumentou. Devemos tomar cuidado para não os prejudicarmos por acidente. Mesmo assim, devemos continuar fazendo o nosso trabalho, e às vezes é impossível evitar ofender ou irritar nossos personagens. Isso reflete o contraste de realidades no mundo atual, muitas vezes alimentado por preconceitos antigos, falta de educação e diferenças culturais.

O que você acha que esse formato - audiovisual, interativo - acrescenta à experiência do público?

EK: Esse formato dá ao espectador uma riqueza maior de detalhes, além de ser mais convidativo. Quando você tem música, som ambiente, e as vozes reais dos personagens, a audiência ganha uma versão mais rica, mais detalhada, uma versão com mais nuances daquela realidade. Só a música mesmo já acrescenta uma dimensão que é mágica e poderosa.

Onde fica o livro nessa “nova era”? Ele ainda é relevante? E quanto às revistas?

EK: Os livros ainda são relevantes, porque continuam tendo maior valor e importância. Eles também possuem algo que chamo de materialidade (”thingness” foi a palavra original, que é um neologismo e não tem tradução imediata), além da sua existência como um objeto físico no mundo. As revistas continuam sendo importantes, mas estão perdendo espaço como modelo de negócios, devido à internet e ao vídeo.

O que continua sendo único em relação à fotografia, diferente de todos os outros meios? Que tipo de “super poder” ela tem?

EK: A fotografia tem o poder de te parar, faz você ouvir, olhar, meditar, pensar… pensar… como nenhum outro meio. Ela pode oferecer uma experiência estética e artística, e ao mesmo tempo contém informação, e uma informação comumente vista como “fato”.

“Aging in America”, seu projeto sobre idosos e saúde, foi amplamente divulgado, em vários veículos diferentes, de livro à TV, festivais de cinema e pela internet, desde que foi publicado, em 2003. Você acha que o impacto social desse trabalho foi maior devido a essa divulgação massiva?

EK: Com certeza, eu vejo o filme e a apresentação multimídia como as maiores razões para a visibilidade que o projeto teve. Mas, sem o livro, esses outros veículos poderiam não ter existido, ou não chamariam tanto a atenção. Todos foram parte de um conjunto sinérgico que é necessário no mundo de hoje se você quiser transmitir a sua mensagem.

Ficou mais fácil para jovens fotógrafos divulgarem os seus trabalhos? Algum conselho?

EK: Acho que ficou mais difícil e concorrido nos meios convencionais, mas, com a internet, nunca foi tão fácil publicar seu trabalho de forma barata e conseguir que as pessoas o vejam.

Há um texto no seu blog em que você menciona um vídeo no Youtube, que mostra um rapper curdo que usou algumas de suas fotos para ilustrar o clipe, obviamente sem a sua autorização. Como você lida com questões de direitos autorais, como essa? Com a internet, fica difícil controlar onde as suas fotos acabam sendo usadas, certo? Isso muda a forma com que você pensa o copyright? Deveríamos talvez pensar uma nova forma de legislação?

EK: Eu não fiz nada em relação àquela violação, e seria muito difícil fazer algo. Em geral, eu confio que isso não acontecerá muitas vezes. Em um certo aspecto, é uma honra ver meu material usado dessa forma, mas esse tipo de violação é uma das armadilhas da era digital.

Há uma crise em curso no fotojornalismo, ou o fotojornalismo está morto, como alguns dizem? Ou estamos num ponto em que ainda não entendemos muito bem para onde estamos indo?

EK: O fotojornalismo, em termos de volume de produção, nunca esteve tão vivo. Quem está morrendo são os veículos para divulgação desse trabalho, mas é por isso que a internet é tão importante para o crescimento contínuo dessa profissão, e desse braço do jornalismo que é vital na sociedade.

E você, para onde vai? Tem novos projetos?

EK: Eu vou seguir trabalhando com ensaios fotográficos, mas vou continuar procurando experiências multimídia, e quero continuar colaborando com a minha esposa, Julie Winokur, em filmes documentários. No fim do dia, eles estão todos conectados. Acabei de terminar um projeto na Índia, que vai ter um forte componente audiovisual para a criação de uma série para a web que deve acompanhar a história a ser publicada em revista.

Considerações finais?

EK: Quero deixar claro que sem a fotografia eu me tornaria um produtor de vídeo, e isso é o que vou sempre evitar. Meu trabalho vai sempre celebrar e ser construído sobre esse poder único que tem a fotografia.



Espero que gostem.


Fonte:  http://forum.mundofotografico.com.br/index.php?topic=19614.0

[Analise] FOTOS DE CASAMENTOS


     A fotografia de casamentos é um dos caminhos que exigem mais responsabilidade e cuidados do fotógrafo. Não se pode repetir um casamento ou pedir que se repita algo que você não fotografou direito, como a entrada da noiva por exemplo.
     Iremos ver algumas idéias e reflexões sobre este tipo de fotografia. São conclusões pessoais e você pode nem concordar com boa parte delas, mas algumas são de grande valia para se buscar bons resultados. Recebi algumas mensagens pedindo dicas e aqui vai o início de algumas opiniões. Antes de ir à cerimônia vou tratar do “antes”. Depois escrevo mais. BYE
   
     ANTES

     Para começar a oferecer seus serviços você precisa de um mostruário. Como ter um se você está entrando no ramo agora? Você pode se oferecer para fotografar o casamento de algum amigo, mas desaconselho fazer qualquer casal de cobaia em tão significativa data. O mais fácil é você começar auxiliando um profissional estabelecido. Desta forma aprenderá dicas essenciais ao trabalho e poderá, em algum tempo, ser designado para fazer parte do evento e, após demonstrar talento, fará tudo sozinho. Poderás então negociar o uso de algum serviço feito como mostruário. Lembre que precisa de autorização por escrito dos fotografados para direito de uso das imagens.
     Não compensa ir logo abrindo micro empresa. Você pode buscar um registro de autônomo na Prefeitura da cidade. Paga-se uma taxa anual e só. Imposto só o IR. Quando crescer aí abre-se a empresa. O cliente não poderá exigir nota fiscal, só recibo (que você indicará ao IR).
     Caso não possa alugar um local evite atender clientes em sua casa. Vá até ele com tudo em mãos para uma visita em domicílio. Se possível com o casal, pois os dois poderão expressar melhor que tipo de foto eles esperam que você faça.
     Faça um modelo de contrato em duas vias onde descreverá todos os direitos e deveres de ambas as partes, bem como uma descrição do tipo de serviço(incluindo aí a escolha entre fotos formais, fotojornalismo ou ambos), preço e forma de pagamento.
     Caso não tenha um bom capital de giro peça antecipado um valor que cubra todo seu custo, o lucro (segunda parte do valor) fica para quando você entregar tudo pronto. É comum os casais ficarem “sem nenhuma banda” após a festa, o que poderá fazê-los adiar a encomenda final, ficando muito tempo com as provas sem haver uma definição. Enquanto isso nada de dinheiro.
     Se for indicar outros profissionais conhecidos, ligue a eles avisando que o cliente irá procurá-los. A indicação é um caminho de duas mãos. Se tiver sido indicado ligue agradecendo. Evite indicar cinegrafistas que fotografem. O pacote de serviços deles pode te por pra fora do evento.


     PRIMEIRO CONTATO

     A primeira pergunta que te fazem normalmente por telefone é: quanto custa? Evite este caminho. Explique que você não pode informar o preço de algo que a pessoa não está vendo, não conhece. Se insistirem desista. Cliente que só vê preço normalmente causa problemas. Afinal você busca oferecer algo mais, um trabalho focado na qualidade.
     Ao mostrar o mostruário explique que você mesmo fará as fotos. Mostruários de empresas são feitos pelo melhor fotógrafo e na hora mandam outro da equipe, dizendo que é tudo igual. Explique que este é o “calcanhar de aquiles” de grandes empresas e que o cliente, com você, receberá exatamente o que está sendo oferecido. É bom que se faça um albinho 10X15 ou 9X12 com poses e efeitos artísticos. Cada foto é numerada. O cliente irá dizer de quais gostou mais. Anote e leve as provinhas no dia. Nem você nem ele esquecerão o que foi combinado. Mostrar as fotos na hora das pose vai facilitar o serviço. Os noivos, olhando a prova fazem a pose rapidinho. Não vai parecer amadorismo de sua parte, mas uso da inteligência para agilizar o serviço. É comum os noivos não terem paciência para perder muito tempo nas poses. Tudo que agilizar é bem vindo. E você não corre o risco de esquecer as poses escolhidas quanto fecharam o negócio.
     Mas cuidado. Se você mostar poses tiradas de fotos escaneadas de revistas de noivos (uma boa fonte de inspiração e plágio) tenha cuidado para estudar com cuidado a iluminação. Normalmente é feita estilo clássico(não sei o termo técnico). Uma luz principal a 45 graus da modelo e a luz da camera sendo de enchimento. Treine bem com o auxiliar e no ajuste do equipamento para obter o resultado esperado.
     Ofereça para que o cliente coloque no álbum umas cinco fotos manipuladas artísticamente. E que escolha logo as que deseja, de umas vinte possibilidades que você vai oferecer. Assim você anota e não esquece depois. Não venda dezenas de fotos manipuladas artísticamente num evento. O álbum vai parecer um carnaval e você vai ficar muitas horas trabalhando no computador sem o retorno financeiro viável, a não ser que se cobre a mais por fotos extas manipuladas. Mas lembre que o álbum busca mostrar um evento real, não um mundo de fantasia com imagens que são bonitas mas não existem, na realidade é uma beleza virtual criada para embelezar o álbum e não mudar a realidade totalmente.


     EQUIPAMENTO

     Não importa que marca de euipamento vá usar, mas tenha os devidos cuidados. Tem um ditado que diz: “quem tem duas cameras tem uma e quem tem uma não tem nenhuma”. Procura levar duas cameras ao serviço. Se uma pifar na hora e não houver outra será um desastre. Lembre que você escolheu um tipo de foto de grande responsabilidade. Se usar digital e só tiver uma, busque comprar uma de filme, aprenda a usá-la e leve alguns rolos de filme junto. Enfim nunca leve só um equipamento, se não quiser correr o risco de ter sérios problemas no dia e depois do casamento.
     Baterias e pilhas de reserva. Filmes e cartões de memória a mais. Flashes, fotocélulas e cabos sobrando. Faça uma lista padrão do equipamento e  principalmente cheque tudo ANTES de sair e não na véspera. Ninguém é prefeito e você pode esquecer algo.
     Lembre que você vai precisar de um equipamento que te dê um ângulo de cobertura equivalente a 28mm em filme. Fotos de grandes grupos, como família e padrinhos, em recintos pequenos são comuns. Cobertura de 24mm seria ideal. E veja se seus flashes iluminam toda imagem.


     VOCÊ E A EQUIPE

     Escolha bons auxiliares, que saibam se concentrar e que tenham reponsabilidade para não sumirem no dia do evento e te deixarem na mão. Treine-os com antecedência, não só como se posicionar mas como se portar. Normalmente são jovens e precisam saber se portar com profissionalismo. Nada de conversinhas, paqueras e risadinhas no evento, principalmente na cerimônia. Comer na recepção. Eis algo que divide opiniões. Alguns obrigam a toda a equipe a uma abstinência total. Outros permitem um refrigerante, quando oferecido pelo garçom, lá pelo meio da recepção. Se for comer, só se conhecer o dono do buffet e ele por tudo em local reservado. Mas somente quando terminar o serviço e estiver naquela hora de “estar à disposição” do cliente para fotos eventuais.
     Use terno e gravata. Todos estarão assim e você tem que se misturar visualmente. Quem tem que chamar a atenção são os noivos. Os auxiliares poderão usar blusa de manga comprida com gravata. Tudo limpo, arrumado, discreto e elegante.
     Com o passar do tempo você conhecerá cerimonialistas, decoradores, cinegrafistas, donos de buffet, maquiadores, enfim profissionais que, como você, estão ali para ganhar o seu pão. As amizades irão surgir e no fim você verá que, mesmo sendo independentes, vocês estarão entrosados e trabalharão em conjunto para o êxito total do evento. Além de que poderá fazer parcerias do tipo “eu te indico, tu me indicas”. Faça fotos da decoração para uso do buffet, é um bom início de amizade profissional.
A CERIMÔNIA

     Procure saber com antecedencia quem fará o cerimonial. Desta forma você pode informar-se quanto ao desenrolar da cerimônia. Algumas são triviais, outras completamentes fora do convencional. Você e os auxiliares tem que fazer um planejamento prévio de posições e deslocamentos na hora da cerimônia. Se não conhecer o local é bom fazer uma visita antes. Os cerimonialistas fazem ensaios com os noivos no local. Comparecer será ótimo para definir o plano de trabalho. Com o passar do tempo você adquire prática e pode dispensar isto, com exceção dos cerimoniais muito elaborados.
     Nas entradas você pode fotografar de frente à quem entra ou um pouco deslocado para o lado, principalmente se tiver alguém filmando com tripé a partir do altar. Em locais apertados é inevitável que você atrapalhe um pouco o cinegrafista e ele a você, mas nada que o bom senso e a boa comunicação não resolvam. Nunca fotografe de pé, ao nível do olho. Procure agachar um pouco e manter a camera na altura do tórax do fotografado. O ângulo deste nível é bem melhor. Fotogarafar as entradas de forma horizontal mostra mais a decoração. Na vertical centraliza a atenção e evita obstruções laterais. Tudo depende de gosto pessoal e do local. Evite fazer de forma diferente do que foi mostrado previamente ao cliente. Use velocidade de pelo menos 1/90. Nesta fase é preferível perder um pouco da luz ambiente em troca de imagens estáveis.
     Hoje em dia todo mundo leva compactas digitais aos eventos. Ter suas fotocélulas disparadas pelos intrusos é bem desagradável. Se possível use radio flash ou tenha certeza de seus flashes auxiliares estarem com carga ok. Se for um Metz é melhor pois carrega quase instantaneamente. Nos eventos cobertos pela imprensa este problema se agrava. Alguns fazem uma cobertura para a fotocélula ficar bem direcional, aí ela tem que ser apontada para seu flash. Um cuidado. Os flashes com cabeça de ângulo variável (zoom interno) costumam fechar a abrangência da luz, o que pode dificultar que a fotocélula seja disparada. Novamente o uso de flashes Metz com capa difusora minimiza este risco.
     No altar procuro ficar do lado em que a noiva está, desta forma nas fotos ela fica em primeiro plano. O noivo é coadjuvante e, sendo normalmente mais alto, não fica encoberto. Procure saber do cerimonial se na hora dos votos eles vão ficar de frente um para o outro, pois você tem que ir ao corredo e enquadrá-los juntamente com o padre e o altar. Na hora do beijo, idem. Se o padre for do tipo que fala muito pode dar tempo ir ao fundo da igreja fazer uma panorâmica do altar. Se for de cima melhor ainda. Cuidado onde pisa. O vestido longo da noiva e o véu, caso pisados pode ocorrer grande desastre. Um dia, ao passa por trás da noiva pisei nas continhas do véu. Escorreguei e quase caí, foi um quase desastre e todo mundo olhou pra mim...Já pensou se você ou seu auxiliar pisa no véu e arranca tudo da cabeça da noiva?
     Saiba se o celebrante permite sua estada próximo a ele no altar. Já fui a igrejas onde uma 70-210(em 35mm) foi essencial porque ninguém podeia chegar perto. Saiba disto com bem antecedência para avisar aos noivos das consequencias inevitáveis ao seu trabalho. Celebrações em religiões que você não conhece possuem momentos importantes que não podem ficar sem registro. O cerimonial pode lhe alertar de tudo. Alguns cerimonialistas ficam um pouco arredios se tiverem indicado um fotógrafo que foi preterido. Busque a cordialidade e o diálogo diplomata para quebrar barreiras.
   Pergunte antes aos noivos se querem que fotografe a entrada dos padrinhos. Normalmente não querem. Não perca a entrada dos pais nem deixe de fotografar a noiva saindo do carro. Se a noiva e as daminhas estiverem posicionadas na entrada de fora da igreja não perca esta foto.
   No altar um auxiliar seu pode ficar no lado oposto, ao lado do cinegrafista, pondo uma luz que sendo um ponto mais forte delineará os rostos e iluminará bem o noivo, a despeito da roupa  escura . Outro auxiliar faz luz de fundo. Fotografar só com aluz de seu flash é meio suicida. Você terá que usar baixa velocidade (1/30 ou 1/15) e grande abertura(2.8) para captar luz ambiente e não deixar o fundo todo preto. O problema é que irá captar também a luz da filmagem e terá que corrigir o tom amarelado depois. Não sei se ficará bom. Cada caso é um caso. O ideal são dois auxiliares fazendo luz de fundo, um de cada lado da igreja. Mesmo tendo escolhido um lado você pode se deslocar, se houver espaço e fazer umas fotos do outro lado. Uma hora boa é a do sermão porque você não perde um momento importante enquanto se desloca. Gosto de fazer umas fotos dos noivos (com filme ISO200) sem flash, com abertura 2.0 ou 2.8 a 1/60. Pego toda luz ambiente, o foco fica centralizado e tudo num tom amarelado que fica belíssimo no papel metálico. O ideal é que a luz da filmagem fique vindo do lado oposto do altar, você pega o angulo do lado sombreado. Isso pode ser feito também nas pose dos noivos. Umas duas fotos com aberturas diferentes é suficiente.
     Faça uma foto em grande angular pegando toda a igreja e se possível os noivos. Uma 24mm(em filme) é ideal.
     Após a cerimônia os noivos viram para os convidados e são apresentados. Esteja no corredor. Uma foto ali com pais e celebrante também é comum. Veja se vão lançar pétalas nos noivos no fim do corredor, esteja pronto e pegue o beijo feito ali.
    Uma dica final. Na cerimônia é FUNDAMENTAL que você fique de olho na carga de bateria do equipamento e na memória do cartão (ou número de fotos do filme) para não precisar trocar em um momento crucial. Já perdi algumas fotos de fim de filme para não arriscar ficar sem na hora errada.
Veja se vão jogar arroz na saída e esteja lá. Quando os noivos estiverem no carro, peça licença ao motorista, sente no banco da frente e , com grande angular faça umas três fotos deles no banco de trás.
     Se os noivos quiserem uma cobertura totalmente em estilo fotojornalismo seja honesto e só aceite se souber realmente fazer. Conste a solicitação no contrato para evitar depois a cobrança de fotos clássicas que não foram pedidas. Mesclar os estilos é o ideal. Faça o obrigatório nas fotos tradicionais e use a criatividade nas fotos casuais e improvisadas.

     A RECEPÇÃO

     O ideal com relação à noiva é que você realize suas fotos antes da cerimônia. Se a mesma se arrumar no buffet e o mesmo estiver com a decoração pronta é o melhor. Closes, fotos de corpo inteiro e tudo que ela tiver pedido, olho nas provinhas. Na recepção você ganha tempo pois só fará grupos e fotos do casal. A noiva deve estar sempre com o bouquet em mãos. O cerimonial deve se encarregar em organizar os padrinhos e parentes. Se não houver cerimonial você vai ter que fazer isso e pedir ajuda de uma parente dos noivos. Já vi cerimonialista quere mandar no fotógrafo e impor as poses das fotos. Mostre educadamente que é você que irá dirigir os noivos e que já acertou com eles previamente as fotos que fará. Noivos impacientes precisam ser avisados de duas coisas: depois vão cobrar de você fotos que não tiveram paciencia de tirar e de que depois de tudo terminado só sobram as fotos e a filmagem. Seja profissional mas educado e cordial. Os melhores fotógrafos procuram ser simpáticos, objetivos e rápidos. Nas fotos de grupos faça duas de cada grupo, isto minimiza os olhos fechados. Faça sempre: pais juntos e separados(do noivo e da noiva), padrinhos de cada lado(do noivo e da noiva), avós, irmãos, melhores amigos, tios, noiva só com a mãe e só com o pai e se o noivo quiser umas fotos só dele (é meio esquisito mais tem quem gosta). Isto tudo no local principal para fotos de grupos. Normalmente na mesa do bolo. Se os arranjos forem altos aí só na frente da mesa nos grupos grandes. Cuidado com espelhos. Procure usar locais alternativos para grupos e poses. Nos grupos coloque os casais ordenados, com o corpo voltado um pouco para os noivos(na diagonal) para ganhar espaço. Cuidado com mãos fora do lugar (homens no bolso)ou braços sobre ombros. Nas fotos informais, na bagunça com os amigos vale tudo. Não perca a valsa dos noivos nem os mesmos em sua mesa preparada de jantar(antes de começarem a comer, claro). O brinde no bolo pode ser feito de vários angulos bem como o corte do bolo(olhando para o bolo e olhando para a camera—não corte o bolo no enquadramento). Não deixe de fazer as fotos do casal para fazer fotos de convidados que sempre aparecem pedindo. Explique que faz quando terminar com os noivos.
     Nas poses faça fotos com a noiva ou noivos olhando para o horizonte à sua direita ou esquerda. Fotos olhando só para a máquina ficam repetitivas. Nos livros você vê dicas de composição e como evitar erros grosseiros como posição errada dos olhos. Use a iluminação de forma criativa. Faça poses pegando corpo inteiro e mostrando todo véu do vestido bem aberto no chão. Lembre que as fotos serão ampliadas e tudo que no visor parece pequeno ficará bem grande no álbum. Quando a noiva jogar o bouquet fique de frente pra ela e ponha os auxiliares pegando as amigas. Clique quando o bouquet estiver no ar. Nos grupos evite cortar as penas no local errado. Estude os planos fotográficos para evitar erros. Se observar o trabalho dos profissionais aprenderá vendo.
     Sobre uso de flash leia esta resposta que dei ao Fernando aqui no fórum sobre flash que estoura :
Bem Fernando quero passar umas dicas de luz rebatida que aprendi apanhando em casamentos(usando negativo me beneficio da latitude mas acho que as dicas ajudam no digital tmb). Vc perde pelo menos uns dois pontos de luz ao rebater no teto, por isso cuidado pois as cores ficam mais suaves mas não podem ficar sem vida pois perde toda beleza e fica muito diferente de alguma foto com luz direta feita no mesmo evento(nesta hora uma objetiva fixa clara faz diferença--com uma 28 vc obteria um angulo próximo ao de uma normal) ; se for fotografar a menos de tres metros do assunto (angulo de 50mm), esqueça, vai dar sombra nos olhos, nariz e pescoço e vc pode ter a metade superior da foto bem exposta e a metade inferior subexposta; uso o Sigma 500(mais simples que o seu) mas ele falta potencia para rebater no teto em alguns casos, por isso uso o Premier 100(antigão pendurado do lado) ligado na entrada pc para reforçar a luz rebatida; às vezes ponho o Sigma direto e o Premier pro teto, só a prática vai te dar o instinto(lá atrás tá um Metz 45 CL1 pra garantir a luz de fundo); cuidado com teto colorido ou com sanca e lustres atrapalhando o caminho da luz, teto de lambri nem pensar.
A qualidade ótica da objetiva faz uma diferença danada com relação à luz. Vc fotografa com uma Zeiss de Hassel a f:16 com luz direta e obtém uma imagem linda, suave, que os americanos chamam de creamy. Ao fazer o mesmo com uma Nikkor 50 1.4 fica uma foto seca, dura, horrível. O tamanho do filme faz muita diferença mas a ótica tmb faz. Por isso o pessoal usa luz direta com cameras 120 e o pessoal do 35mm tem que rebater para ter uma imagem suave.
Creio que essa suavidade o digital tem com mais facilidade, até mesmo por causa do pós processo, já as altas luzes estourando só com rebatedor, difusor na cabeça do flash e/ou luz pro teto.
Bye

     Mando encadernar as fotos na Alpha's Encadernadora. Quanto a preços eu deixo pra falar depois pois varia de região pra região.
     
Eu tenho estes livros que comprei na amazon.com:
Professional Techniques for the Wedding Photographer: A Complete Guide to Lighting, Posing and Taking Photographs That Sell (Photography for All Levels: Advanced) -- by George Schaub, Kenneth Sklute;

The Best of Wedding Photography: Techniques and Images from the Pros -- by Bill Hurter

Corrective Lighting and Posing Techniques for Portrait Photographers -- by Jeff Smith

     São bons e pretendo comprar alguns sobre Digital Wedding Photography.
Compre revistas de noivas também. Acho que já teclei demais.
Bye

Foram ao Casamento com o mesmo vestido.

Duas mulheres foram a uma festa. Quando uma delas chegou, encontrou a outra usando o mesmo vestido. E o vestido era bonito, vistoso, não dava para disfarçar... todos repararam.

Uma copiou a outra?

Não. Só, por acaso, compraram na mesma loja do bairro onde moravam.

Um fotógrafo posta uma imagem em um site de fotografia. Outro posta uma foto quase idêntica. Variações derivadas de 1/3 de ponto de fotometria, talvez, pequenas diferenças de enquadramento, e um a fez com uma DSLR, outro com uma superzoom (isso aconteceu de verdade hoje). Um alega que a fez antes e o outro a teria visto no LCD da câmera, mas o Exif do outro informa horário 4 minutos antes...

No debate, inevitável, foi mencionado ambos terem feito o mesmo passeio fotográfico, e o enquadramento da foto em ambos os casos apenas descrevia o objeto. De frente, plano, chapado. Abordagem direta. Um copiou o outro?

Ou trata-se de um caso no qual ambos entregaram a responsabilidade de sua fotografia ao objeto fotogênico? Ou seja, compraram os mesmos vestidos porque a loja os fez iguais ...

Uma fotógrafa, amiga, mostrou certa vez uma foto. No site em que mostrou, foi elogiada, e coisa e tal. Disse a ela que sua foto era demasiadamente dependente do objeto. O objeto interessante criava interesse para a foto. Ela reclamou de minha observação, mas cerca de uma semana depois veio me contar que outra fotógrafa, no mesmo passeio fotográfico realizara uma foto praticamente idêntica. Inicialmente aborreceu-se com a outra, mas depois compreendeu terem ambas sucumbido ao objeto, e, estando todo interesse concentrado nele, qualquer um faria a mesma foto.

São coisas que acontecem. E acontecem porque o fotógrafo entrega ao objeto interessante a sua fotografia. Muitos fotógrafos agem como caçadores de objetos interessantes, como se isso fosse fotografar, e as fotos resultantes dessa caçada pouco mais contém que próprio objeto. Quem fez a foto? O objeto? E no caso das duas mulheres, quem fez o vestido? O que temos nesses casos são fotografias com escassa construção fotográfica, temos “atos de registro”.

Porque parece haver na fotografia uma polaridade. Um dos pólos é o objeto, o referente. O outro o ato fotográfico. Nesses casos, temos um referente ativo em demasia, e um ato fotográfico apassivado. Muitas fotografias são assim. Não notamos nelas uma narrativa consistente, um ponto de vista, algo que só esteja na fotografia, não esteja no objeto.  O que há nessas fotografias é o mesmo que havia lá fora da câmera escura.

Um fato pode ser contado de muitas maneiras, e todos conhecemos bons contadores de casos. O mesmo caso pode ser maçante ou interessante, dependendo de quem conta. Assim também na fotografia. É na narrativa que a fotografia ganha autonomia e torna-se diferente de uma pura reprodução de algo.

Polaroid: linguagem agonizante

A respeito do post sobre o The Impossible Project, publicado no blog do 508: o projeto em questão é uma iniciativa para reviver os filmes fotográficos instantâneos, depois que a Polaroid abandonou a fabricação desse tipo de produto em 2008. Sempre que esse assunto é trazido à tona, fala-se na viabilidade econômica, na necessidade de adequar o produto à era digital e que o filme instantâneo morreu porque o que se consumia não eram as fotos, e sim a possibilidade de vê-las logo após a captura.

Isso tudo pode estar correto, mas para os fotógrafos, especialmente aqueles que utilizavam as Polaroids como uma forma de expressão, o que morreu foi toda uma linguagem fotográfica. A moldura branca texturizada, o formato quadrado (embora existam câmeras instantâneas que produzem fotos retangulares), cores características e, sobretudo, a tendência a uma atitude fotográfica mais descompromissada, quase como um precedente do movimento Lomo que surgiu há alguns anos.


gregory mc

A fotografia instantânea se diferencia de qualquer outra, seja analógica ou digital, por ser nada mais e nada menos do que um objeto. Não há negativos, não há arquivos digitais. Apenas uma foto pronta, sem intermediários, sem ajustes, sem correções, sem edição. Nem na fotografia digital temos esse caminho realizado de forma tão rápida e direta. A realização concreta da imagem torna as Polaroids testemunhas implacáveis da vontade do fotógrafo, ao mesmo tempo em que potencializa a imagem como possibilidade artística, ao trazê-la "viva" e emoldurada instantaneamente.


Ashley Sauers

Há também projetos relevantes que usam as fotografias instantâneaas, como o FOP@West, realizado por um grupo que oferece às crianças do oeste da China seus primeiros retratos: Polaroids.

Girl with her Polaroid - Ran Phang

Nem tudo, ainda está perdido. Além da iniciativa do The Impossible Project, há ainda a Fujifilm que, surpreendentemente, tem sido agressiva na manutenção de suas principais linhas de filme e incentivado a produção fotográfica analógica, como faz com o site Choose Film, por exemplo. Ainda é possível comprar filmes instantâneos no site americano ouinglês, além do próprio formato de fotografia instantânea da Fuji, o Instax.


on the cabinet in the hall - mamako7070

A fotografia, especialmente a fotografia como forma de expressão, antes de ser uma questão técnica ou econômica, é uma questão de linguagem. É claro que, como qualquer tipo de atividade de mercado, serão as questões técnicas e comerciais que ditarão o que é ou não possível fazer. Mas talvez seja interessante olhar para as mudanças em termos de potencialidades que são perdidas ou ganhas, sem uma visão maniqueísta de que a fotografia digital é uma panacéia ou que o filme que é fotografia de verdade. Quando vejo essas fotos fantásticas feitas com as câmeras instantâneas, penso que, se é difícil impedir que elas acabem, ao menos devemos entender o que está acabando junto com elas, para que as possibilidades, no que refere à linguagem, não sejam perdidas também.

Postado também no Câmara Obscura


Fonte:  http://forum.mundofotografico.com.br/index.php?topic=35069.0

Não sou fotógrafo

A fotografia, sendo a atividade ampla que é, tem diversas aplicações e, consequentemente, diversos praticantes. Mas quem tem o direito de ser chamado de fotógrafo, ou se atribuir tal título? Uma vez que a fotografia como profissão enfrenta questões de regulamentação, podemos considerar que fotógrafo é apenas o fotógrafo profissional? Ou, usando a comparação com o cozinheiro, que está em moda, cozinheiro é qualquer um que cozinha ou apenas aquele que faz isso para pagar suas contas?

Pensando nessa questão, mais uma vez abri uma enquete no BrFoto, perguntando quem pode ser chamado de fotógrafo. As alternativas eram: a) Qualquer pessoa que use uma câmera; b) Pessoas que fotografam com pelo menos algum conhecimento técnico sobre fotografia; c) Exclusivamente pessoas que ganham dinheiro com a fotografia e d) Pessoas que, independentemente de ganhar ou não dinheiro com a fotografia, produzem resultados significativos no campo da arte.

Sessenta e quatro pessoas votaram. A opção b, pessoas que fotografam com algum conhecimento técnico, foi a primeira colocada, com 37,50% dos votos, seguida da opção d, que fala sobre a qualidade dos trabalhos, com 28,12%. Pouco mais de 21% afirmaram que pode ser chamado de fotógrafo qualquer um que use uma câmera e apenas 12,5% disseram que o título deveria ser exclusivo dos profissionais. Durante a discussão que se seguiu, argumentou-se que a enquete deveria conter mais opções, como por exemplo "pessoas que usam a fotografia como forma de expressão", sugerida pelo Ivan e "pessoas que são reconhecidas como fotógrafos", apontada pelo Nando.

Pode-se considerar que houve uma distribuição dos votos que mostra a dificuldade de consenso. E, como ele não existe, a tendência é que as pessoas usem a própria prática como referência. Uma vez que a maioria dos participantes do fórum é de amadores com algum conhecimento técnico, é natural que essa opção tenha sido a mais votada. No entanto, o argumento de que apenas um pouco mais de conhecimento do que o usuário comum possui é suficiente para que a pessoa seja considerada fotógrafa parece frágil.

Da mesma forma, os profissionais tendem a defender a sua atividade buscando se diferenciar dos amadores. Isso é mais marcado numa época em que, graças às facilidades do sistema digital e do acesso fácil a plataformas de edição de imagens, "qualquer um" pode se aventurar a fazer trabalhos nessa área, o que desagrada quem já se estabeleceu no ramo, geralmente quando as coisas eram bem mais difíceis. Não é à toa, então, que profissionais não vejam com bons olhos os amadores que se denominam fotógrafos mesmo não tendo realizado nenhum trabalho formal. No entanto, muitas vezes os profissionais tentam desqualificar de forma exagerada aqueles que estão envolvidos com a fotografia de outras formas. Já vi alguns, por exemplo, que criticam aqueles que, como eu, gostam de pensar a fotografia enquanto teoria, como se essa fosse uma muleta para apoiar uma produção fotográfica ruim. Como se foto ruim se salvasse com muleta...

Esse é um dos motivos pelos quais eu nunca me senti confortável com o título de fotógrafo e nunca o atribuí a mim mesmo. Não ganho, não ganhei e não pretendo ganhar dinheiro com a fotografia. É algo que faço por puro prazer, quando me interessa, de uma forma egoísta e que depende da minha disposição. Prefiro deixar o status de fotógrafo para aqueles que têm um compromisso com a fotografia diferente do que eu tenho, que fizeram dela uma escolha de vida e com a qual se envolvem diariamente, geralmente tendo o retorno financeiro como recompensa. Eu me contento em ser apenas um cara que gosta de escrever sobre fotografia e fazer fotos de tempos em tempos, sem necessidade de títulos.



Fonte:  http://forum.mundofotografico.com.br/index.php?topic=34014.0

Composição geométrica e significação na fotografia

COMPOSIÇÃO GEOMÉTRICA E SIGNIFICAÇÃO NA FOTOGRAFIA E NOUTRAS ARTES VISUAIS
Junqueira, Ivan de Almeida
fevereiro de 2009


ARTIGO ORIGINALMENTE PUBLICADO NA NEWSLETTER FOTOGRAFIA EM PALAVRAS E NO BLOG FOTOGRAFIA EM PALAVRAS.
http://br.groups.yahoo.com/group/fotografiaempalavras/
http://fotografiaempalavras.wordpress.com/

Depois de muito tempo, posto um novo artigo neste Fotografia em Palavras. O resultado de uma investigação sobre as relações entre composição geométrica –isto é, a posição e a forma das coisas numa fotografia ou noutra obra visual- e o significado daquela obra visual para nósO artigo parte do princípio que as formas e as posições não são neutras quanto ao significado que extraímos delas, algumas reforçam o significado, outras o dificultam. O artigo tenta mostrar serem as relações entre significado e forma não aleatórias nem subjetivas, e que, embora não possamos determinar como uma pessoa perceberá um determinado esquema forma-significado, nossas chances preditivas melhoram consideravelmente se ao invés de um homem nosso propósito for saber como é a tendência de percepção de um conjunto forma-significado por um determinado grupo humano.

O artigo tem como base a modelagem e a aplicação de um teste sob a forma de uma enquete proposta ao universo dos usuários do fórum BrFoto –fórum de fotografia na Internet. O autor do artigo compreende perfeitamente os vícios metodológicos desta forma de aplicação, que vão desde a ausência de aleatoriedade na ordem de apresentação das figuras, passam pela seleção do público cobaia e pela contaminação das respostas pela possível leitura das respostas anteriores, prosseguem pela ausência de separação entre as respostas de destros e de canhotos. Contudo, ainda assim, o teste apresenta uma metodologia que pode facilmente ser depurada de tais vícios ganhando a necessária higidez.

Esses vícios não são inerentes à modelagem do teste, mas tão somente inerentes ao meio utilizado para aplicá-lo.

Por outro lado, essa aplicação impura permitiu que depoimentos supreendentes emergissem, e esses depoimentos são valiosos e sugerem vias e aspectos para o desenvolvimento de testes complementares.

Os resultados foram muito interessantes e suficientemente expressivos para indicar que o teste produzirá resultados igualmente significativos em condições mais bem controladas. Tal tarefa, contudo, ultrapassa os meios disponíveis pelo autor presentemente.

1) A Metodologia – modelagem e aplicação dos testes.

O teste constituiu-se de duas enquetes, cada qual com duas perguntas e quatro opções por pergunta (a, b, c, d), sendo solicitado aos participantes que selecionassem duas opções em cada pergunta.

A imagem utilizada (figura 1) mostra quatro fotografias com uma caneta colocada em diagonal em relação ao retângulo fotográfico. A mesma fotografia, feita com cuidado para não produzir sombras indutoras de interpretação, foi invertida e rebatida de maneira a originar quatro posições possíveis, correspondentes às duas diagonais do retângulo fotográfico, estando a caneta alternadamente apontada para cima e para baixo. A estrutura geométrica básica é a das diagonais do retângulo.

figura 1 - matriz de possibilidades posicionais

Essa figura foi mostrada nas duas enquetes.

Na primeira das enquetes, foi pedido aos participantes que assinalassem as duas respostas que melhor correspondiam à afirmação “Estou olhando para uma caneta. Eu estava usando esta caneta para escrever umas anotações, mas parei por um momento para relaxar e a coloquei sobre a mesa.” E na outra pergunta, em reverso, foi pedido que assinalassem quais as duas opções que eram antagônicas a essa afirmação.

Na segunda das enquetes foi pedido aos participantes que assinalassem duas respostas que melhor correspondiam à afirmação “Sentei-me diante de alguém que estava escrevendo. A pessoa parou de escrever e colocou sua caneta sobre a mesa. Estou olhando esta caneta.”. E na outra pergunta, em reverso, foi pedido que assinalassem quais as duas opções que eram antagônicas a essa afirmação.

O pedido foi feito da seguinte forma, em ambas as enquetes:

“Escolha as duas fotografias que representam a frase abaixo.”

“Escolha as duas fotografias que NÃO representam a frase abaixo.”

Como se vê, as enquetes encerram uma dupla oposição. As enquetes opõem-se entre si, pois uma enquete pergunta a partir da posição do sujeito (1a pessoa) e a outra da posição de observador de um ato de terceiro. E dentro de cada uma delas há um novo antagonismo do tipo “sim/não”. A estruturação do teste dessa maneira visou permitir que através da soma algébrica das porcentagens fossem evidenciados fenômenos de significação.

A opção de solicitar duas respostas de cada participante para cada pergunta teve por objetivo evitar deformações que ocorreriam no caso de votação única, basicamente o possível ocultamento de um resultado expressivo preterido por um resultado único.

Os testes foram postados no mesmo dia em um fórum de fotografia com grande público e muitas mensagens por dia. Foram postados em 27 de janeiro de 2009 às 10:27h.

Os testes podem ser vistos diretamente, assim como as postagens de resposta que deles não faziam parte mas são inevitáveis, nos seguintes endereços:

Enquete 1
http://forum.brfoto.com.br/index.php?showtopic=46463

Enquete 2
http://forum.brfoto.com.br/index.php?showtopic=46462

2) Os resultados

Aplicados os testes, foram sendo recolhidas (copiadas) e gravadas como imagem as telas de resultado para posterior exame da evolução das respostas. Esse exame da evolução ainda não foi feito detalhadamente, e o presente artigo tem por base as respostas a ambas as enquetes até o momento da elaboração deste texto, a saber, 21:30h do dia 11 de fevereiro de 2009. A Enquete 1 tem, no momento da escrita deste, 60 respostas (figura 2), e a Enquete 2 tem 63 respostas (figura 3), número mais ou menos equivalente, embora não se possa garantir que as mesmas pessoas responderam às duas enquetes.

Verifica-se, observando os números de respostas, que pelo menos uma pessoa votou em apenas uma opção, visto a soma dos votos ser ímpar (que seria impossível se todos votassem em duas opções). Contudo, os resultados não perdem sua significação devido a isso uma vez que as telas de etapas anteriores da votação mostram as mesmíssimas tendências percentuais.

figura 2 - enquete 1 - 1a pessoa

Para a primeira enquete , referente à afirmativa:

Estou olhando para uma caneta. Eu estava usando esta caneta para escrever umas anotações, mas parei por um momento para relaxar e a coloquei sobre a mesa.

Representam a frase as fotos:

a) 13,98%
b) 37,96%
c) 15,74%
d) 32,41%

Observa-se uma distribuição na qual a alternativa b seria eficiente na representação da afirmativa para 37,96% dos participantes, seguido da d com 32,41%. Há nessas duas alternativas uma vantagem expressiva sobre as duas outras, c com 15,74% e a com 13,98%. Uma foto publicitária com a intenção de passar esta idéia (por exemplo, a assinatura de um cheque “com cheque especial do banco Lunar você pode mais…”), com a caneta nas posições b ou c contaria com o benefício da melhor significação para um contingente expressivo dos possíveis observadores, em se extrapolando as respostas obtidas no teste.

Examinando os resultados rebatidos da pergunta 2. temos:

Não representam a frase as fotos:

a) 34,21%
b) 13,16%
c) 33,33% (um terço dos participantes!)
d) 19,30%

Igualmente, temos resultados que apontam para posições piores para significar a mensagem desejada através da fotografia.

Somando-se algebricamente os resultados, visto serem opositivos, temos que:

a) 13,98 - 34,21 = -20,83%
b) 37,96 – 13,16 = 24,80%
c) 15,74 – 33,33 = -17,59%
d) 32,41 – 19,30 =  13,11%

A diferença de preferências entre as alternativas b e d na primeira pergunta era de 5,5%, contudo, somado o resultado das respostas de rejeição, essa vantagem cresce para 11,69. E a diferença algébrica entre a hipótese b e a c, a menos rejeitada sobe a imensos 42,39%. A escolha de uma posição de caneta em uma fotografia visando facilitar ou coadjuvar uma mensagem escrita publicitária onde o praticante do ato seja o leitor (isto é, mensagem na primeira pessoa) contaria com um reforçamento ou por um enfraquecimento através da simples disposição da caneta.

Interessantemente, e isso foi um dos benefícios do método impuro usado no teste, um dos participantes informou que ficou surpreso, pois depois de responder pegou sua caneta e a colocou sobre a mesa, espantando-se dela não corresponder à sua resposta na enquete. Ou seja, há indícios que a posição mais significada não corresponde à pratica efetiva do sujeito, e que são duas esferas distintas, a da prática efetiva e a da leitura da imagem. Também aqui cria-se uma possibilidade de teste comparativo.

figura 3 - enquete 2 - 3a pessoa

Para a segunda enquete, referente à afirmativa:

Sentei-me diante de alguém que estava escrevendo. A pessoa parou de escrever e colocou sua caneta sobre a mesa. Estou olhando esta caneta.

Representam a frase as fotos:

a) 33,33%
b) 17,09%
c) 30,77%
d) 18,80%

Não representam frase as fotos:

a) 15,97%
b) 33,61%
c) 21,01%
d) 29,41%

Mais uma vez houve a divisão em pares bem definidos representam/não representam. A distribuição de forma alguma pode ser dita derivada da mera chance, mormente porque, assim como na primeira enquete, o avanço das votações sempre mostrou essa tendência.

Realizando a soma algébrica do "significa" com o “não significa”, temos:

a) 17,36
b) –16,52
c) 9,76
d) –10,61

Da mesma forma como visto na primeira enquete, temos uma grande vantagem entre a alternativa preferida e a alternativa preterida, suficiente para dizer haver uma tendência de interpretação da imagem no sentido de atribuir à posição “a” maior capacidade de ser entendida como a da caneta de um interlocutor. Um anúncio publicitário no qual fosse enfatizado o fechamento de um contrado por uma outra parte, por exemplo, “quando tudo está dependendo da assinatura de alguém!”, seria reforçado pela fotografia de uma caneta na posição a, e seria prejudicado pela caneta na posição b.

Observando as duas enquetes, notamos que há um aproximado encaixe entre os resultados “a caneta é minha” e “a caneta é dele”, compatível com a bipolaridade das situações.

3) Conclusões;

O objetivo deste artigo e do teste foi mostrar ser possível verificar as questões de interpretação de contexto visual que geralmente são ditas subjetivas, demonstrando serem em grande dose intersubjetivas, ou seja, a interpretação ao invés de ser aleatória (subjetiva) tem uma tendência, isto é, partilhada por uma grande parte dos indivíduos de um grupo. Entendemos que depois desses testes fica suficientemente demonstrado serem a posições dos elementos simbólicos dentro de um quadro perceptivo também uma informação simbólica, e não meramente uma informação geométrica, e que há uma possibilidade de conhecermos o grau de influência dessas informações posicionais/simbólicas.

Testes dessa natureza e sobre tais assuntos não apresentam e nem podem apresentar resultados do tipo sim ou não. Apresentam, contudo, respostas percentuaissuficientemente eloqüentes para orientarem as decisões de composição visual visando a comunicação de mensagens definidas. Jogos simbólicos como “isso é meu”, “isso é dele” são jogos essenciais na comunicação, e podem ser testados de maneira bastante simples, como mostrado.

As comunidades fotográficas têm enorme resistência em aceitar que nossa interpretação do mundo é regrada, condicionada, que podemos conhecer esses condicionamentos coletivos pelos quais é feito o ajuste de conduta dos indivíduos à sociedade, e ainda, que é possível mapear a significância desses ajustes de forma a constituir um saber preditivo sobre o padrão de recepção das mensagens visuais pelos grupos, conquanto não seja possível estabelecer a recepção individual como acontecerá.

Quando se fala desse assunto, há reações fortes enfatizando a impossibilidade de preditividade de uma fotografia (ou outro quadro visual) por um indivíduo, mas não é considerado ser essa ausência de preditibilidade inexistente em se tratando da tendência de um grupo. A tendência do grupo é perfeitamente mensurável.

Notícia:

A Newsletter Fotografia em Palavras passará a ser duplicada no blog http://fotografiaempalavras.wordpress.com/

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