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quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Vender fotos em Cd ou não: eis a questão

A briguinha digital vs analógico chega a ser irritante. Eu mesma não gosto de ficar batendo nesta tecla. Como profissional jovem na área nunca fotografei profissionalmente com filme e só sei os segredinhos dos equipamentos digitais (embora vez ou outra aproveite equipamentos mais antigos que possam “colaborar” como coadjuvantes). Porém, existem divagações que nem existiam nos tempos de fotografia de filme comercial e hoje temos que conversar sobre elas.
Mesmo sendo aquela profissional jovem odiada por muitos dos mais experientes tenho uma linha de pensamento que eu chamo declássica. Alguns podem chamar de antiquada, mas eu prefiro clássica…
Já vou avisando: é opinião pessoal. Vou falar como eu trabalho e os motivos para isso – e já deixo claro: é em relação à fotografia social e comercial direto com o cliente. A “pessoa comum” que quer guardar um momento ou contar uma história.

Álbuns, fotos reveladas, apresentação: fotografia

Em raríssimas ocasiões vendo “CD com todas as Fotos”. Todos os eventos, books e ensaios que faço resultam em diversas fotos que saem da minha câmera, vão para o meu computador – e essa é a apenas a metade do caminho – edito, revelo em um local de qualidade, compro álbuns de qualidade, monto com carinho e entrego para o meu cliente.
Aquele álbum, com aquela apresentação, com aquele paspateur, naquela ordem… esse é o meu produto. Essa é a fotografia que vendo.
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Vender no meio do processo, quando só temos o negativo, é vender arquivos, não fotos.
Além do mais, como você vai saber o que vai acontecer com aquele arquivo? E se o sobrinho do cliente pegar um dos arquivos, editar no Power Point com corações, imprimir em uma gráfica e sair falando que aquela foto é sua? Não é. O arquivo era seu. A foto não é sua.
Vejo diversos fotógrafos, todos os dias, vendendo arquivos, não fotos. Principalmente os mais novos como eu. Por quê?

Exigência do mercado

Um problema que enfrento mas tento contornar é a exigência do mercado quanto à isso. A maioria das pessoas “comuns”, clientes dos fotógrafos, são aquelas que têm uma câmera de férias e acham que Megapixels são medida de qualidade. Essas pessoas acham que já que hoje tiramos 10x mais fotos do que nossos “antepassados” devemos dar para elas todas elas e tudo será feliz.
Os clientes querem CD de fotos como os CDs que eles guardam fotos das férias e do cachorro. O que eles não sabem é que, quando estamos falando de momentos especiais (no meu caso Casamentos, Gestação, etc) não existe CD de Fotos. Existe CD de Arquivos.
Desculpe, mas não entra na minha cabeça vender negativos (e eu vou continuar insistindo nisso durante o texto rs).
Mas sempre chegam em mim com essa abordagem, então tenho que me adaptar. As soluções que encontrei são as seguintes:

DAR ACESSO AOS ARQUIVOS

As pessoas querem facilidade e eu quero economia. Então nada de imprimir copiões e anotar números de escolhidas. Utilizo um sistema online onde a pessoa tem acesso à todas as fotos e escolhe as preferidas para o álbum (recebo isso automaticamente e sem gastar papel ou caneta tenho elas separadas). Ali ela pode, se quiser, copiar todas as fotos e ficar com ela. Mas atente para um detalhe importante: as fotos estão em baixa resolução. Grandes o suficientes para que a pessoa veja as que gosta, pequenas o suficiente para que a pessoa não consiga imprimir em uma budega qualquer. Neste tamanho elas fazem seu papel: são miniaturas. São exemplos da verdadeira foto, não a verdadeira foto.
Obs: não adianta querer inventar mil meios de impedir que as pessoas copiem a foto na hora de escolhê-las. Sempre existe um jeito (até o bom e velho PrintScreen que não há o que bloqueie). Então deixo que elas salvem, mas nunca arquivos em alta resolução. Muitas vezes é bom apelar para a boa e velha marca d’àgua.

TROCA DE ÁLBUM POR DVD DE FOTOS

Quando as pessoas insistem em não fazer um álbum (que é uma essência da fotografia e acho absurdo dispensar!) ofereço um álbum em CD (DVD, na realidade). A pessoa não vai ter acesso a arquivos, e sim àquelas mesmas fotos que estariam no álbum, só que para serem apresentadas na televisão.

EXCEÇÕES

Claro que existem exceções. No caso dos álbuns estou falando da boa e velha fotografia de eventos e ensaios com “pessoas comuns”. Quando a fotografia quer dizer algo e contar uma história de alguém ou de um evento.
Isso não se aplica à fotos de produto, fotos que terão a “segunda etapa” feita por profissionais (como vender fotos para Agências onde existem profissionais da área para lidar com aquilo), fotos para fotógrafos (que obviamente sabem o que estão fazendo), e por aí vai…

O que eu vendo de fotografia

O que eu vendo é a fotografia completa. Eu quero entregar para quem me contratou a essência daquele evento ou momento. E arquivos não passam isso.
Tanto o trabalho que temos nos preparando antes das fotos (seja colocando um terninho para fotografar um casamento ou formatando o cartão para receber novas fotos) quanto o trabalho que temos depois (pós produzindo, organizando, salvando com boa qualidade, diagramando ou encaixando em um álbum e grudando no paspateur) são o nosso produto.
Pelo menos é o que eu imagino e sempre imaginei da fotografia. Será que sou a única?

Extra

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